Início A Festa Nunca Termina: Ensaio sobre a Cegueira

Ensaio sobre a Cegueira

Há duas semanas, o filme Ensaio sobre a Cegueira saiu em DVD e se você ainda não assistiu, já passou da hora de procurá-lo.

Eu assisti no cinema com um amigo quando o filme estava para sair de cartaz e em seguida li o livro. E digo, o Meirelles fez um trabalho primoroso. Claro que ele já ganha por ter um roteiro quase pronto de uma ótima crítica a sociedade desse cara chamado José Saramago.

A história vocês já sabem. Uma cegueira estranha acomete as pessoas da Terra. Uma cegueira branca, leitosa. Uma claridade sem fim. Todos cegam. Menos uma mulher, chamada de "a mulher do médico". Ninguém na verdade tem nome. Eles são designados por suas características. Há o primeiro cego, a mulher do primeiro cego, o menininho estrábico, a mulher de óculos escuros, o médico... Por quê? Porque o estado de calamidade vivido pelos habitantes ali, não faz necessário o uso de nomes.

Impressionante como o escritor português, José Saramago conseguiu captar a essência humana. Mostrando que mesmo no fim, o ser humano ainda consegue ser mesquinho e egoísta. Querendo sempre tomar vantagens em cima dos outros. Não todos, pois os que têm boa índole aprendem a viver e conviver na situação desesperante e presente. O medo é outro fator muito forte no texto. A começar pelo medo de ficar cego, que deixa as pessoas cegas também, mas cegas de medo.
O texto é muito duro, com cenas bem aterrorizantes de mortes desgraçadas.

O melhor de fazer a comparação entre livro e filme é justamente ver que mesmo modificando o texto original, e fazendo algumas (ótimas) adaptações para a telona, Meirelles conseguiu captar exatamente o que o Saramago queria dizer com o livro.

A "primeira parte" do livro, quando as pessoas ainda estão presas é exatamente a mesma que está no livro. A diferença acontece quando a "segunda parte" começa e muita coisa é cortada, tornando o filme mais conciso e até mais agradável.

E o cineasta estava certo em fazer cortes, pois nós não precisamos ver toda a desgraça de uma vida para entendê-la. Antes de ser lançado o filme passou por alguns testes de audiência, que acabaram adoçando duas cenas muito criticadas. A cena do estupro e a cena dos cachorros. Fernando Meirelles foi criticado por quem achou que o filme deveria ser até mais pesado, mas certo foi ele ao dizer que gostaria que seu filme fosse assistido pelo maior número de pessoas possível e não deixado no lado cult do cinema.

Segue o trailer:

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