Início A Festa Nunca Termina: Panico na new rave tropical

Panico na new rave tropical

Até ser anunciada como uma das atrações do festival Rec-beat 2008 a banda chilena Panico era uma ilustre desconhecida para o público brasileiro, incluindo a maioria dos amantes da música alternativa. Logo em seguida à divulgação dos shows da banda no Brasil (3 de fevereiro na Clash, em São Paulo, dia 4 no Rec-Beat) começaram as comparações com o atual grande ícone da música alternativa brasileira, o Cansei de Ser Sexy, dizendo que o Panico era o equivalente chileno da banda.

Panico
Comparações à parte, o Panico apresenta um rock dançante e com forte influência eletrônica, duas características básicas da onda new rave que agrega bandas como Klaxons, CSS, New Young Pony Club e até mesmo Digitalism. Pós-punk e disco também estão presentes no som da banda (além do indefectível cowbell, presente nas músicas de 8 em cada 10 bandas que fazem rock dançante nos dias hoje).

Espécie de mistura anfetaminada (não por acaso, "Anfetamido" é o nome de um dos singles de maior sucesso da banda) de The Rapture, Los Saicos e LCD Soundsystem, a banda foi formada há quase 15 anos por Edu (vocal) e Carolina (baixo/vocal), que em seguida chamaram os amigos Memo (guitarra), Seba (bateria) e Squatt (DJ). Alcançaram maior reconhecimento a partir de 2005, quando lançaram o álbum Subliminal Kill e se enquadraram no revival pós-punk/new wave realizado no "novo rock" em voga nesta década.

Radicada na França, para onde se mudaram após assinar contrato com o selo TigerSushi, a banda vem se apresentando por diversos países da Europa e tem no currículo alguns shows como banda de abertura do Franz Ferdinand. Atualmente preparam seu novo álbum, cujo lançamento é previsto para este ano.

"Transpira-lo", do Panico



Na entrevista abaixo o vocalista Edu comenta um pouco da trajetória da banda, as comparações com CSS e explica o que é o "rave rock tropical", definição criada pela banda para definir seu som.

A Festa Nunca Termina: O site da banda (www.panico-band.com) está fora do ar, então quase tudo que sei sobre a banda consegui através do MySpace ou do site da Tigersushi (o nome da banda também não ajuda muito em pesquisas via Google). Você poderia falar um pouco sobre o início da banda, como e quando ele foi criada e por que vocês trocaram o Chile pela França?
Edu: A banda foi criada em 1994. Começamos como uma banda punk e lançamos quatro trabalhos no Chile entre 94 e 2000. Tínhamos nosso próprio selo, Combodiscos, e tudo que fazíamos era bem punk, bem "faça você mesmo". Em 2001, assinamos com um selo francês e nos mudamos para Paris. Em 2005, lançamos Subliminal Kill pela Tigersushi e foi a partir daí que começamos a tocar pelo mundo.

O primeiro álbum da banda foi lançado em 1997, certo? Quais as principais diferenças entre o som feito por vocês naquela época e o atual?
No início fazíamos música inspirada pela cena rock de Nova York, com letras bem ingênuas. Uma espécie de "dada punk". Depois nos aproximamos do indie rock e quando sentimos que estávamos rock 'n' roll começamos a misturar coisas eletrônicas, dance music. No Subliminal Kill todas as canções são trabalhas em torno da bateria e das linhas de baixo, buscando um resultando entre dance music e new wave.

Panico ao vivoComo você define o termo "tropical rave rock", usado para classificar a banda no MySpace?
É uma coisa besta. Nós gostamos de dançar e de ecstasy, gostamos de música tropical alternativa e somos uma banda de rock...

Parte da imprensa brasileira está chamando o Panico de "o Cansei de Ser Sexy do Chile". O que você acha disso?
Legal. Gosto de CSS. Eu diria que podemos ser comparados pelo fato de ambas serem bandas alternativas latinas que fazem uma mistura de rock ocidental com música latina. Não há muitas bandas latinas tocando na Europa e nos Estados Unidos.

Os álbuns do Panico foram lançados no Brasil ou há planos para isso?
Não sei... é nossa primeira viagem ao país e será a oportunidade para checar se as pessoas conhecem nossa música por aí.

No Brasil existem diversos sites e blogs sobre música alternativa, mas a maioria deles dá pouco espaço para as bandas sul-americanas. Essa situação é diferente no Chile, existe um senso maior de integração no meio musical?
Eu diria que no Chile as pessoas têm orgulho de sua música, escrevem e falam bastante sobre as bandas locais. A cena é extensa, existem muitas bandas, selos e sites. O problema é que não há uma difusão para fora do país... tudo permanece essencialmente local...

Por Marcelo Santiago

Nenhum comentário: