Alguém consegue explicar o que é isso?
Entrevista - Volver
O Volver nasceu em 2003, na década em que as bandas de Recife estavam começando a despontar por não fazer o manguebeat de Chico Science e Fred 04. O primeiro disco, Canções Perdidas Num Canto Qualquer (Senhor F Discos, 2005) chamou a atenção da crítica e fez com que a banda começasse a viajar pelo país mostrando o seu som. Três anos depois, saiu Acima da Chuva, álbum que mostra um crescimento e um salto de qualidade enorme em relação ao anterior. As letras e canções foram mais bem trabalhadas, mostrando que a banda é muito mais. Formada por Bruno Souto (vocal e guitarra), Fernando Barreto (baixo e vocais), Zeca Viana (bateria e vocais) e Kleber Cróccia (guitarra e vocais), aproveitamos as férias para fazer um bate bola com a banda. Fizemos cinco perguntinhas básicas para Bruno Souto sobre os últimos tempos na vida da banda e também queríamos saber o que vinha por aí. Confira.
A Festa Nunca Termina: O segundo disco de vocês, Acima da Chuva (Senhor F, 2008), mostra um amadurecimento musical muito grande. Além da gravação e finalização do disco estar bem melhor. Como dá para explicar essa revolução no som de vocês?
Bruno Souto: Com relação ao repertório, eu diria que foi um processo natural, visto que foram 3 anos depois da nossa estréia. E 3 anos é muito tempo, né? Nos conhecemos melhor no estúdio e fora dele, viajamos muito, interagimos e ouvimos muitas bandas e artistas que passamos a gostar. Isso influencia na hora de compor e arranjar as canções. Mas com certeza não foi nada planejado e tal. Simplesmente evoluimos como músicos e como pessoas. Eu mesmo notei uma profundidade maior nas minhas letras e melodias. Teve também uma mudança de bateristas do primeiro pro segundo disco, o que também traz algumas mudanças.
Já em relação a gravação e finalização do disco, não sei se há uma qualidade maior, até porque o Acima da Chuva foi gravado no mesmo estúdio e com os mesmos produtores do primeiro. Eu acho que o que mudou foi a abordagem de produção. No primeiro disco, queríamos que as músicas soassem o mais próximo possível com o que era nosso show ao vivo. Já no segundo foi uma produção mais "disco de estúdio" mesmo.
A Festa: Acima da Chuva abriu muitas portas para vocês. Qual foi o lance mais legal que rolou depois desse disco?
Bruno Souto: Na minha visão, foi um aumento significativo de público, principalmente em Recife. A galera tá indo pros shows, cantam as músicas, interagem com a gente na internet, etc. Isso acontece muito mais do que na época do primeiro disco.
A Festa: Vocês tomaram uma decisão muito importante ano passado. Deixaram a cidade natal, Recife e se mudaram para São Paulo. Como esse passo tem ajudado na carreira de vocês? Tem rolado mais shows? Mais convites interessantes? Com esse mundo mais globalizado e com a internet, ainda sim uma banda tem que mudar para Sampa?
Bruno Souto: No nosso caso, achamos que seria mais interessante fixar residência em São Paulo, por várias razões. Entre as mais importantes seria estar mais bem localizados geograficamente pra fazer shows, principalmente no sul e sudeste. Estar mais juntos do enorme esquema de mídia que São Paulo oferece e vivenciar uma experiência de mudar de cidade com os amigos de banda. Sem contar que, só de dar um passo desses, você passa a ser mais respeitado em seu estado, o que já sentimos quando voltamos agora pra Recife pra alguns shows. Isso influencia também outras bandas a correrem atrás de uma maior visibilidade fora de Recife, apesar da internet.
Pra Volver está sendo ótimo, pois conseguimos vários espaços em TVs, rádios, internet, etc. E aos poucos, com shows, estamos conseguindo aumentar nosso público em Sampa. É um processo lento, mas gratificante, assim como foi em Recife: de show em show, conquistamos nosso espaço.
A Festa: Depois de lançar já três videoclipes (“Acima da Chuva”, Tão perto, tão certo” e “Dia Azul”) o que vocês estão projetando para 2010. Já tem música nova rolando? Eps? Um terceiro álbum?
Bruno Souto: Em 2009, além dos já citados, lançamos o videoclipe da música "A Sorte", que ficou muito bonito. Nesse ano, esperamos conseguir apoio financeiro pra lançar nosso primeiro DVD, que foi gravado aqui em Recife, no Teatro de Santa Isabel. Queremos gravar nosso terceiro disco, que se chamará Próxima Estação, que também é o nome de uma música nova disponível, como demo, em nosso Myspace. Ah, lançaremos agora no primeiro semestre o quinto videoclipe do disco Acima da Chuva. Será da música "Não Sei Dançar". Ano passado, no Abril Pro Rock, além de tocarmos, montamos uma tenda pra filmar quem quisesse dançar. E são essas imagens que irão se transformar no videoclipe. Acho que vai ficar bem bacana, e engraçado.
A Festa: Só uma curiosidade. Como a banda se juntou? Quem foi o digamos, “mentor” da turma?
Bruno Souto: A Volver surgiu em 2003, pelo menos a idéia de banda, pois demoramos a achar baterista e baixista interessados e que se enquadrassem no tipo de som que a gente queria fazer. Eu queria formar uma banda e estava começando a compor influenciado por bandas que sempre gostei desde criança (Beatles, Renato e Seus Blue Caps, The Who, Beach Boys, Mutantes) e então convidei meu amigo Diógenes Baptisttella (guitarrista) pra formar a Volver. Foi assim que tudo começou. Com o tempo vários integrantes foram entrando e saindo. Sou o único membro fundador que restou. O Diógenes saiu da banda em 2008 pra morar na Europa.