O
Festival Planeta Terra quase ganhou nota 10 em organização. Os banheiros estavam limpíssimos e não encontrávamos fila nem para o banheiro, nem para comprar bebidas. O problema era na hora de comer. A comida não era lá essas coisas, mas pelo menos, podíamos escolher por comida japonesa. E as filas eram um pouco brochantes. Num festival onde você tinha que correr para ver todas as atrações isso não deveria acontecer. Eu e Marcelo acabamos perdendo o show da folk-girl Mallu Magalhães. Outra coisa que eu não consegui entender foi o impedimento de comprar garrafinhas de água com a tampa!!! Totalmente inexplicável. Quando íamos perguntar, a resposta era a mesma: "Medida de segurança". Juro que estou até agora pensando o que estavam fazendo com essas tampas. Chegamos cedo ao Festival e podíamos até ter conferido o "Brothers Of Brasil" com os irmãos Suplicy, mas isso era querer demais da minha pessoa. Portanto, depois de entrar e conhecer um pouco
dos Galpões, eu e Marcelo fomos correndo para o
Main Stage, pois começava a apresentação de um dos grupos que eu queria muito ver, o Vanguart.

Hélio Flanders e sua turma me impressionaram com a energia do show, que eu esperava ser bem tranqüilo. Depois de escutar o Cd deles, você não consegue pensar em outra coisa senão violão e um pequeno palco. Mas, não foi isso que aconteceu. Mesmo cedo, os meninos angariaram um coro dos fãs. Além das músicas do primeiro Cd, muito priveligiadas no show, eles cantaram músicas novas e algumas de outros Eps. Um dos pontos altos do show aconteceu quando Flanders cantou "Cachaça", o grande hit da banda. Ele agradeceu ao coro dizendo: "Obrigado, cachaceiros!". Mais a frente, depois de cantar "Hey Yo Silver" Flandres emendou com: "Tira essa bebida de viadinho e traz um 'uisquinho' para rapaziada". Claro, que a galera ficou empovorosa. Flanders ainda se mostrou muito feliz em tocar ali, como não podia deixar de ser, agradeceu a oportunidade e a presença de todos ali três vezes. Para fechar a apresentação, "Semáforo".

Correndo para o
Indie Stage fomos conferir a apresentação do meu paulista preferido, o Curumin. Pegamos apenas a meia-hora final do show, mas deu para escutar "Kyoto", "Japan Pop Show", "Caixa Preta", "Tudo bem malandro" numa versão reggae, "Guerreiro" e "Magrela Fever" . Mesclando músicas de seus dois Cds,
Achados e Perdidos e
Japan Pop Show, Curumin parecia a pessoa mais feliz do mundo tocando naquela noite. Encontramos de pessoas que sabiam cantar todas as músicas e os curiosos também pareceram curtir o show.Teve até participação especial de Christopher Lover. O rapaz está em "Mal Estar Card" de
Japan Pop Show. Além do impressionante carisma, Curumin também improvisou muito, como faz em seus shows, e chamou a galera para cantar “Nega”. Sim, aquele velho sucesso da lambada. Assim como o show de Curumin, os shows seguintes também sofreriam com os problemas no som.

Numa troca de horários (minha e de Marcelo), assistimos apenas três músicas do estranho experimental do Animal Collective, que também sofreu muito com o som. Deu para pelo menos ver "Peacebone", uma das músicas que está no último Cd lançado pelo quarteto, Strawberry Jam. Essa era uma escolha para quem tem estômago, já que o som dos meninos é bem diferente.
Indo para o Main Stage o show que nos esperava era do lendário Jesus and Mary Chain. Uma das coisas chatas foi esperar a banda vendo a exibição ao vivo do Planeta Terra, que nos intervalos fazia entrevistas e mostrava algumas "interações". Por falar nisso, o telão foi uma das coisas que não funcionou muito bem no festival. Pois muitas vezes os nomes das músicas tocadas apareciam erradas, antecipando o que a banda em questão ainda iria tocar. Ao contrário do que aconteceu comigo, para muita gente o Planeta Terra resumia-se a ver na ativa o grupo escocês que fez muito sucesso nos anos 80. Eu assisti apenas três músicas e me desloquei mais uma vez para o Indie Stage, onde um dos melhores shows do festival estava para acontecer.

Os ingleses do Foals no começo não me animaram muito, mas no decorrer da apresentação mostraram uma força e presença de palco enorme. A platéia foi ao delírio com o vocalista indo para o meio da galera e cantando no "gargarejo". Eu não aguentava mais ficar em pé e acabei saindo de perto para assistir o show pelo telão, mas acabei não prestando tanta atenção.
Perdemos Spoon e fomos para parte do The Offspring. Embora as críticas lidas estavam corretas, o Offspring não tinha como não levantar a galera. Eles cantaram muitas músicas conhecidas e o coro só aumentava. Sim, eles estão velhos, eles não tem a mesma energia dos anos 90, mas o show foi muito bom. Claro que não dava mais para sair do palco principal, já que os shows que viriam em seguida seria Bloc Party e Kaiser Chiefs.
Kele e sua turma subiram ao palco um pouco acanhados. Eu e muitas pessoas estávamos

esperando um show bem mais enérgico, pelo poder que as músicas da banda têm. Kele estava de boné e bermuda num estilo mais despojado. O mais empolgado no palco era o baterista Matt Tong, que depois de algumas músicas já estava até sem camisa. As músicas percorreram os três Cds do Bloc, mas claro que "Banquet", "Silent Alarm", "Like Eating Glass" e "Helicopter" levantaram muito mais a galera. O ponto alto do show aconteceu quando Kele se desculpou pelo o que aconteceu na MTV e afirmou que aquilo havia sido um acidente, mas não explicou nada. No palco, Kele mostrou mesmo que "quem sabe faz ao vivo" e remixou "Mercury" ali mesmo. A banda ainda parou de tocar em alguns minutos, o que deixou os fãs desolados, achando que o show seria de apenas 30 minutos. Mas os meninos voltaram ao palco e terminaram a apresentação, que para muitos foi curtíssima.
A espera para o show do Kaiser Chiefs seria recompensada. Mostrando uma energia fora do comum, Ricky Wilson mostrou até o "cofre" quando correu para cantar no gargarejo e sua cueca
vermelha. Os fãs,

claro, já estavam indo ao delírio e Ricky não parou por aí. Pulou, jogou microfone, dançou e voltou várias vezes para perto dos fãs. As músicas abrangeram todos os Cds, mas espertamente o Kaiser Cheifs deu enfâse em seu primeiro Cd, Employment. Além dessa energia toda, Ricky aprendeu algumas frases em português e fez graça ao falá-las. O rapaz enfatizou várias vezes que o Nick Peanut Baines era um herói por estar tocando naquela noite. Dias antes, ele havia passado por uma cirurgia de apendicite. "Ele é um herói!", Ricky exclamava.
Os meninos ainda ganharam cartazinho com pedido para a música "Na na na na naa" e não deixaram de tocá-la. Ao final da apresentação, ficou aquele gostinho de "quero mais" e a

galera gritava animadamente para que os ingleses voltassem ao palco. O que não aconteceu, já que o estoque de hits já havia acabado. Numa noite como essa, eu só estava querendo um banho e minha cama, mas ainda tinha 15 horas de viagem pela frente para voltar à Brasília. Claro que valeu a pena, só que quero voltar de avião para Sampa.
As fotos são minhas, Marcelo Santiago e do site do Planeta Terra.